terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Amor é, um pássaro preso num céu aberto,
Um fogo aceso dentro de água,
O errado sempre certo
E eu, em mágoa.

Num branco e preto
Dentro deste vento,
A vida e a morte
Oh sorte!

Encontro-me eu aqui, amor,
Leva-me já daqui, dor.


Poema inspirado em Luis Vaz de Camões,
Mariana Maia e Andreia Coelho

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Estrela


"Um castigo é a vida, um castigo sem falta ou pecado, um castigo sem salvação; a vida é um castigo que não se impede e que não se consente. Imagino-te a ver esta noite da varanda dos meus olhos, a entrares nesta floresta de mil estrelas por contar, estas estrelas que não chegam para iluminar a terra, mas que iluminam pequenas circunferências de céu à sua volta." Vejo uma estreça, que numa linha imaginária se une com outra estrela e outra e outra, ligo-as e vejo uma constelação a formar-se, um corpo delgado, pormenorizado, com cada curva marcada por uma estrela. Reconheço o corpo do sonho que andava a ter há meses, dou-lhe um nome, nome este que também me era familiar, lembro-me de uma voz aguda, delicada e afinada. Reconheço a tua voz a dizer-me ao ouvido, "Rosalinda", o nome dos meus sonhos, o nome por que há muito me tinha apaixonado e levado a procurar-te.
Hoje, encontro-me a uns quilómetros de distancia de ti, vejo a tua forma, vejo o porquê de te chamares Rosalinda e descubro a forma dos teus cabelos, uma rosa, vejo eu, uma rosa com espinhos, a forma da tua cara, as tuas bochechas, o formato dos teus olhos, da tua boca, do teu nariz, tudo maravilhosamente desenhado nesta constelaçãp. Apaixono-me por ti, Rosalinda. Sento-me numa poltrona a olhar para o céu, a contemplar a tua beleza única, a tua beleza representada da melhor forma que podia ser, nas estrelas, algo único, apenas possível de ver aos olhos de poucas pessoas, apenas aos olhos de quem já viu o amor e já sentiu o mesmo que eu. Apenas essas pessoas é que têm capacidade de ver o que está para além do céu e do mar, do sol e do fogo e principalmente dos sonhos. Algo que podemos encontrar escrito nas estrelas, algo lindo e belo, alguém, tu, Rosalinda.
Mariana Ramos Maia

sábado, 11 de fevereiro de 2012

O livro

O meu livro não caiu do céu, pelo menos aquele céu azul que observamos todos os dias pela janela que nos recorda o mar do Oceano e a luz do bem ou a escuridão do mal. O meu livro caiu duma prateleira simples, de uma biblioteca antiga, vazia, apenas com corredores e corredores de livros. Bem, isto é, se considerarmos uma prateleira apenas uma prateleira, mas se a considerarmos algo mais, como um céu, então podemos dizer que o meu livro caiu do céu, não o céu acima descrito, mas sim o céu que eu considero grande e misterioso. Um céu que apenas nuns meros centímetros contém a vida de milhares de pessoas e inúmeros universos, cada um diferente do outro. O livro não caiu do nada,o livro chamou-me. Estava sentada sozinha na biblioteca, apenas com mais uma senhora de idade, que já pouco ou nada ouvia,denominada por bibliotecária. Estava sentada a estudar, rodeada de apontamentos espalhados pela mesa velha de madeira, que já pouco se via dela. Decidi ir procurar mais um livro de história sobre o início da Idade Média. Mas perdi-me, perdi-me nos inúmeros corredores e estantes. Ouvi uma voz, uma voz fina e delicada, a pedir socorro. Segui a voz, mas esta veio por detrás de um livro, tirei-o da estante para espreitar para o outro lado. Tinha o livro numa mão e a curiosidade no outro lado, espreitei, mas a voz mudou de direcção, agora vinha do livro que tinha na mão. Decidi abri-lo e folheá-lo. Era um livro bastante antigo, já com as folhas castanhas e as letras manchadas. Não resisti, li a primeira frase e dizia: "Domingos José Correia Botelho de Mesquita Menesses, fidalgo de linhagem e um dos mais antigos solarengos de Vila Real de Trás-os-Montes(...)".
Mariana Ramos Maia