"Um castigo é a vida, um castigo sem falta ou pecado, um castigo sem salvação; a vida é um castigo que não se impede e que não se consente. Imagino-te a ver esta noite da varanda dos meus olhos, a entrares nesta floresta de mil estrelas por contar, estas estrelas que não chegam para iluminar a terra, mas que iluminam pequenas circunferências de céu à sua volta." Vejo uma estreça, que numa linha imaginária se une com outra estrela e outra e outra, ligo-as e vejo uma constelação a formar-se, um corpo delgado, pormenorizado, com cada curva marcada por uma estrela. Reconheço o corpo do sonho que andava a ter há meses, dou-lhe um nome, nome este que também me era familiar, lembro-me de uma voz aguda, delicada e afinada. Reconheço a tua voz a dizer-me ao ouvido, "Rosalinda", o nome dos meus sonhos, o nome por que há muito me tinha apaixonado e levado a procurar-te.
Hoje, encontro-me a uns quilómetros de distancia de ti, vejo a tua forma, vejo o porquê de te chamares Rosalinda e descubro a forma dos teus cabelos, uma rosa, vejo eu, uma rosa com espinhos, a forma da tua cara, as tuas bochechas, o formato dos teus olhos, da tua boca, do teu nariz, tudo maravilhosamente desenhado nesta constelaçãp. Apaixono-me por ti, Rosalinda. Sento-me numa poltrona a olhar para o céu, a contemplar a tua beleza única, a tua beleza representada da melhor forma que podia ser, nas estrelas, algo único, apenas possível de ver aos olhos de poucas pessoas, apenas aos olhos de quem já viu o amor e já sentiu o mesmo que eu. Apenas essas pessoas é que têm capacidade de ver o que está para além do céu e do mar, do sol e do fogo e principalmente dos sonhos. Algo que podemos encontrar escrito nas estrelas, algo lindo e belo, alguém, tu, Rosalinda.
Mariana Ramos Maia