quarta-feira, 25 de abril de 2012

O Fim da Linha


Dizem que a morte é quando o coração pára de bater, o sangue deixa de percorrer as nossas veias, o cérebro não responde e deixamos de ver, ouvir e falar, o tacto passa a ser uma coisa sem sentido, dizem que a morte é deixar de viver.
Para mim a morte não existe, não passa de uma banalidade do dia-a-dia, é a tentativa de explicação numa palavra apenas para o desaparecimento das pessoas, é a explicação para o acto físico duma paragem do coração, mas na realidade o coração nunca pára, haverá sempre alguém por quem o nosso coração há-de bater, alguém por quem o nosso sangue passe nas veias e haverá alguém por quem possamos ver, ouvir, falar, tocar e haverá sempre alguém que vai fazer as coisas por quem deixou de as conseguir fazer porque diz o senso comum que apenas morreu.
É impossível dizer que uma pessoa morreu quando permanece no coração de alguém, é impossível afirmar que para além da vida existe vida ou que as almas permanecem, senão de onde vem o vento que nos indica para onde ir, de onde viria o sexto sentido feminino senão das mães e avós? De onde vêm os sonhos senão da mente de alguém que já cá não está presente fisicamente.
Não podemos afirmar que a morte existe mesmo, podemos apenas afirmar que as pessoas passam de uma forma física a pura e simplesmente forma psicológica, tornam-se o nosso rumo e o vento que faz com que permaneçamos fortes sem a sua presença, a morte é a passagem do real para o irreal.
Mariana Ramos Maia

sábado, 14 de abril de 2012

A força das palavras


Nem todas as palavras são simples, algumas são grandes e outras curtas, umas robustas e floridas outras ingénuas e doces, mas também há aquelas de ódio e as de paixão, de esperança e terror.
Aquela, que tu tanto odeias, é a que me faz sentir confiante, a que tu tanto usas, faz-me sentir desprezível e impede-me de me afastar de ti e ser totalmente livre. Mas, a palavra que nunca foi pronunciada por ti é, sem dúvida alguma, a que eu mais quero ouvir da tua boca, olhos nos olhos, é aquela que eu sonho noites e noites, aquela que faz com que eu continue em cima dos caminhos-de-ferro e siga como um comboio, que faz a mesma viagem vezes e vezes sem conta mas sem nunca encontrar um destino certo. Em tempos o verão costumava ser azul, o inverno branco e o amor vermelho ardente. Antes tu eras vermelho, costumavas-me dizer palavras doces e carinhosas, eras também verde como a alegria dos campos cheios de relva na primavera.
Esses dias onde eras de mil cores foram em vão, acabaram por me destruir por dentro e o que tínhamos tornou-se agora um mar incerto, um cinzento que não é negro como o carvão nem branco como a neve pálida. O que temos agora é meramente físico e químico, onde o inconsciente é deixado para trás como se fosse para os fracos e eu fui deixada num campo de catos no meio do deserto das palavras.

Mariana Ramos Maia